a tristeza dos meus pais
principalmente da minha mãe, aumenta de dia para dia.
neste período de confinamento, fui eu que tratei de tudo o que precisavam, acompanhei, levei a consultas, tudo com o máximo de segurança dentro do que me era possível... estive sempre presente, ainda que à distância, viamo-nos sem toque, sem mimo... dávamos pequenas caminhadas no bairro, porque sem mim não iam andar e faz-lhes bem às pernas (eles de um lado da estrada, nós do outro)... sempre disponível para as inúmeras chamadas da mãe, sinal evidente de solidão...
só recentemente entrei em casa, já tinha tantas saudades, troquei de sapatos e evitei tocar nas coisas... foi muito bom mas não deixou de ser estranho, estar num espaço que também é meu e sentir-me uma intrusa, por força das circunstâncias...
agora que a situação está a aliviar um pouco, sinto-os cada vez mais tristes, faz-lhes falta os almoços de domingo, o convívio com as filhas e netas, e isso vai criando algum desnorte... aqui e ali vou notando uma despreocupação com os cuidados a ter nesta situação e com a sua saúde... resta-me continuar a acompanhar o melhor que sei, estar presente, sem toque e sem mimo... porque para já não há condições...