a ver: Pobres Criaturas
Para quem se recorda do primeiro filme exibido entre nós do grego Yorgos Lanthimos, Canino, Pobres Criaturas traz qualquer coisa de déjà vu. Naquela longa de 2009 falava-se de um pai que mantinha as suas crianças fechadas longe do mundo real, prisioneiras de um mundo estanque onde a própria linguagem se desintegrava. Quinze anos depois, o orçamento é muito maior (mercê dos milhões da ex-Fox Searchlight), em vez de actores gregos temos estrelas de Hollywood, e Pobres Criaturas é uma adaptação de um romance do escocês Alasdair Gray. Mas há a sensação de um círculo que se fecha: o novo filme é a história de uma criança que se “revolta” contra o pai que a mantém fechada longe do mundo, uma “experiência laboratorial” que invoca a sua senciência para lhe ser dado livre arbítrio. O que não é descabido visto que Bella Baxter é verdadeiramente um “monstro de Frankenstein”, cérebro de criança em evolução rápida num corpo de adulta perfeitamente formado, que aprende a ser mulher numa sociedade vitoriana retro-futurista-gótica, universo paralelo dentro de universo paralelo.
regra geral só vou ao cinema, quando efetivamente considero que o filme vale a pena, quer seja pela história, cenários ou até mesmo os atores... "Pobres Criaturas" cumpria com todos os meus requisitos e, surpreendeu pela positiva.
soberbo!