Ansiedade – os meus primeiros passos
Depois do diagnóstico, e de medicação ligeira para me ajudar "a sair do buraco”, o mais difícil foi interiorizar que o que sentia, era criado pela minha cabeça, pelos meus medos, por um acumular de coisas negativas… carregava uma bagagem imensa e nem me apercebia… fiquei um dia em casa para ir ao médico, com a ajuda de uma amiga.. isto visto à distância é estranho, o medo que eu tinha de me sentir mal era tanto que achei que não devia conduzir…
No dia seguinte, obviamente que o que mais me apetecia era ficar em casa, era quase como se me estivesse a esconder do mundo, ali nada me iria acontecer, que é o mais errado que se pode fazer… uma colega de trabalho, mais amiga que colega, foi-me buscar a casa uns dias, outros eu ia ter com ela a pé, era somente descer a minha rua, mas para mim era longíssimo, as pernas falhavam-me… mas insisti e fui, mesmo quando estava mais atrapalhada, porque a realidade é que ainda que a ansiedade não se consiga controlar, não podemos deixar que tome conta da nossa vida… é todo um processo interior que demora, cabe-nos a nós ter plena consciência dos nossos limites, e ir forçando aos poucos. Nos dias cinza, ligava, e a minha amiga vinha buscar-me mais perto, ou até mesmo a casa… quando entrava no carro, até me faltava o ar. Uma coisa sei, nunca mais me quero sentir assim!
Foi uma semana e meia “nisto”, em dias alternados tive que recorrer a outro colega para ir para casa, porque os nossos horários as vezes não coincidiam, e estar fechada nos transportes era impensável… até que um dia, e penso que a minha amiga forçou um pouco a situação (a pensar em mim), tive que me fazer ao caminho sozinha e a conduzir… posso dizer que passei os momentos mais horríveis da minha vida, transpirava, tremia, enfim… mas vinha devagarinho e com a consciência de que se a situação agravasse, ligava os piscas e parava, onde quer que estivesse, felizmente não foi necessário. Lembro-me que os meus rituais da manhã eram: uns minutos para meditar, um banho revigorante, olhar-me no espelho e dizer-me várias vezes, “ vai correr tudo bem, tu consegues”, ao chegar ao trabalho congratulava-me por ter conseguido, e foi assim um dia após o outro… até que um dia o pior já tinha passado.
Juntamente com a medicação, comecei a fazer meditação, acunpuntura, e a viver o momento, e preocupar-me somente com o que depende de mim. Eu já fazia isto, mas às vezes, quando me apercebia já estava a ir mais além… a estar com quem me faz bem, e acima de tudo, fazer o que me faz sentir bem… o caminho foi longo e com passos pequeninos, ainda assim, hoje à distância vejo o quanto mudei como pessoa e como mulher…