"Poesia sobre azul Que o vento, Esse poeta inquieto, Escreve, Apaga, Reescreve, Explana, Concentra, Esfarrapa.
Poesia Do momento que passa Coerente Com o momento do vento Subtil intérprete Do instante.
Com vagar escreve E apenas levemente modifica O que ainda agora Escreveu.
Com passos apressados Inicia Apaga Palavras tão escangalhadas Como os seus pés, Inquietos corredores.
Quando Num assomo se enfurece Mistura as palavras dos dicionários, Faz malabarismos com os alfabetos, Misturando na sua escrita Pó e dor, Sangue que de veias abertas, Em corrente se escoa, Que apenas corpos De olhos vítreos, Caídos na areia, Sabem interpretar.
E a nós, que nada entendemos Sobre o que vemos Do deserto pintado A vermelho de sangue, Espelhado no céu, Resta-nos calar a pena E deixarmos ao vento Escrever a história. zé onofre