"o amor é uma coincidência feliz"
Não. Mas acredito nesse título. Todos os dias vamos desmazelando os gestos amorosos. Assumimos o vínculo de que aquela pessoa gosta de nós e vamos construindo uma história que acaba por ter imensos capítulos que têm tudo a ver connosco, damos aquela relação como garantida e depois temos um sem-número de compromissos. E às vezes sentimo-nos autorizados a facilitar as relações onde nos sentimos mais seguros sem nos darmos conta que ao facilitar vamos criar um comboio de pequenos mal-entendidos. Ainda assim, namoramos pouco e criámos a ideia de que depois do casamento o amor acaba, deixa de existir namoro, o que a mim me angustia profundamente. É pelo ato de namorar que nos casamos, não vale a pena confundir um ato civil como o casamento com o compromisso de nos namorarmos permanentemente. Quando nós fazemos este movimento todos os dias, de repente parece que o amor é uma coincidência feliz. É nessas alturas que parece que o universo tem um alinhamento tão adequado que parece ter sido feito para nós e é nessas alturas que nos surpreendemos com as coisas mais deliciosas. Estamos longe da pessoa que é importante para nós e de repente estamos a pensar que nos apetecia ir jantar a um restaurante qualquer e quase por magia essa pessoa envia-nos uma mensagem a convidar-nos para jantar àquele restaurante; ou quando parece que estamos a comunicar de forma telepática: estamos a pensar numa coisa e a pessoa apanha-a no ar.
de Eduardo Sá