passaste por mim
no anoitecer de um dia gelado de inverno, cruzamo-nos, uns passos à frente olhamos para trás e sorrimos um para o outro, como se soubéssemos que tínhamos algo em comum... o inverno fez-se primavera, e na ida à florista para comprar "os meus girassóis" lá estavas tu, com um lindo ramo de rosas vermelhas na mão, trocámos olhares e sorriste... aquele sorriso ficou-me no pensamento, quem serias?! mas naturalmente a minha natureza limitava-se à curiosidade... mais tarde voltei aquele local pelos girassóis, e no ato do pagamento sou surpreendida com: já está pago, um cartão num envelope com um número de telefone e um nome, Bernardo... a surpresa foi imensa, e como conheço o senhor perguntei quem tinha tido tamanha gentileza, que me respondeu: o cavalheiro que tinha estado em simultâneo comigo há alguns dias, a comprar um ramo de rosas vermelhas para a mãe... sorri, fiquei cheia de questões e já no carro de cartão na mão pensei, mas o que faço eu com isto?!?! guardei o cartão e nada fiz, limitei-me a andar com ele na carteira... passaram alguns dias até regressar à florista, e enquanto pagava ouvi: hoje vai ter que tomar um café comigo... no acaso da situação e no meio do meu embaraço, tomámos o café, no dia seguinte fizemos com que deixasse de ser acaso e paradoxalmente estendemos as mãos.